O papel do "product management" nas empresas de comunicação 📰
Reflexões sobre product management, uma plataforma de notícias para o jornalismo independente, links, cursos, eventos e mais!
Olá! Tudo bem? 👋
Bem-vindo à primeira edição da Methodo.lab, a newsletter do Methodo. Hoje, trago algumas discussões interessantes que me motivaram a descobrir o caminho do product management nos meios de comunicação. Mas antes, deixa eu te contar o que mais você encontrará nesta newsletter e quanto tempo dedicaremos para a leitura.
📑 Índice
Tendência: contexto do product management na comunicação
Estudo de produto: plataforma de notícias independente?
Methodo Box: para ler, participar, estudar e a gaveta da bagunça
Contexto do product management na comunicação
⏳ Tempo de leitura: 5min
💬 FAST READING
1. O estudo 'State of the News Product Community 2020' confirma haver uma lacuna entre a formação em produto e a sua aplicação nos meios de comunicação.
2. Outros dados do estudo confirmam que as equipes de produto são um campo emergente na indústria da comunicação.
3. Além desta pesquisa, o relatório "Journalism, media, and technology trends and predictions" de 2021 da Reuters Institute, indica que 93% dos líderes acreditam que o papel do product manager é importante, contudo, apenas 43% consideraram que a sua empresa o compreende.
Nestes últimos três meses, tenho-me aprofundado no tema product management e como ele poderia ser útil para o jornalismo e a comunicação. Entretanto, muitas empresas do nosso ramo não o aplicam bem.
O estudo 'State of the News Product Community 2020' confirma haver uma lacuna entre a formação em produto e a sua aplicação nos meios de comunicação. Enquanto 69% das fontes concordam com a afirmação “minha organização apoia ideias para o desenvolvimento de produtos de notícias”, apenas 18% responderam que têm “uma carreira claramente definida na minha organização” e 21% responderam que “a indústria do jornalismo fornece desenvolvimento de carreira para o meu papel”.
Em outras palavras, esses dados indicam haver interesse no pensamento de produto por parte das organizações, porém, não há preparo para o exercício dessas funções e nenhum tipo de avaliação para o desenvolvimento profissional nessas carreiras.
Outros dados do estudo confirmam que as equipes de produto são um campo emergente na indústria da comunicação. Quase dois terços dos entrevistados disseram que os seus postos de trabalho não existiam há cinco anos e quase 90% estão no cargo atual há menos de cinco anos.
Além desta pesquisa, o relatório “Journalism, media, and technology trends and predictions” de 2021 da Reuters Institute, indica que 93% dos líderes acreditam que o papel do product manager é importante, contudo, apenas 43% consideraram que a sua empresa o compreende. Já o relatório de 2022 traz conclusões mais profundas. Uma dos grandes pontos deste ano para as empresas será o aprimoramento de produtos existentes, ao invés da criação de novos produtos.
“Trata-se da tecnologia certa aplicada de forma inteligente e de maneiras que se vincula aos nossos valores e experiência. Dessa forma, criaremos recursos e produtos genuinamente exclusivos que nos diferenciam das plataformas e os seus problemas associados”.
Chris Moran, chefe de inovação do The Guardian
Segundo a pesquisa da Reuters Institute, uma grande barreira à inovação é a falta de alinhamento (41%) entre os diferentes departamentos, como editorial, marketing, comercial e tecnologia. O estudo ressalta que a natureza vertical de muitas empresas de mídia impede a inovação, visto que é necessário equipes multifuncionais e processos em comum para alcançar estes objetivos.
“Estamos agora na era dos departamentos de produtos maduros”, disse Chris Moran, chefe de inovação editorial do The Guardian. "Mas ainda precisamos trabalhar para encontrar o equilíbrio certo entre o rigor das metodologias, os processos do produto e a experiência editorial específica de um determinado editor."
Plataforma de notícias independente?
⏳ Tempo de leitura: 6min 14seg
💬 FAST READING
1. Com investimentos totais de € 700 mil (BRL 4,1 milhões), a newstech franco-brasileira pretende lançar a sua plataforma ainda em 2022.
2. "A ideia da Headline é prover aquelas coisas que mais faltam ao jornalismo independente: escala de produção de conteúdo; acesso à tecnologia de qualidade, digna das grandes plataformas da internet de hoje; acesso a ferramentas data-driven: paywall inteligente, machine learning, customização, recomendação, geolocalização e tudo que vem por trás; e, um quarto elemento, um plano de negócio coerente que potencialize tudo isso," disse Andrei Netto, fundador da Headline, em entrevista a Latam Journalism Review.
Acredito que sabemos diferenciar plataformas de veículos de comunicação no entorno digital. As maiores plataformas que conhecemos são sociais, como Facebook, Twitter e Instagram, mas, você consegue imaginar como seria uma plataforma de notícias e para o jornalismo independente?
É isso que Headline aspira a ser: uma plataforma de notícias para financiar o jornalismo independente. Com investimentos totais de € 700 mil (BRL 4,1 milhões), a newstech franco-brasileira pretende lançar a sua plataforma ainda em 2022. O interessante é que eles pretendem fazer aquilo que nenhuma outra big tech ou veículo de comunicação conseguiu: unir monetização com curadoria de conteúdo.
“A ideia da Headline é prover aquelas coisas que mais faltam ao jornalismo independente: escala de produção de conteúdo; acesso à tecnologia de qualidade, digna das grandes plataformas da internet de hoje; acesso a ferramentas data-driven, paywall inteligente, machine learning, customização, recomendação, geolocalização e tudo que vem por trás; e, um quarto elemento, um plano de negócio coerente que potencialize tudo isso,” disse Andrei Netto, fundador da Headline, em entrevista a Latam Journalism Review.
📌 Como vai funcionar? Atualmente, a newstech está negociando com veículos nativos digitais brasileiros sobre entrarem na plataforma. Posteriormente, os meios e jornalistas que quiseram publicar no Headline deverão passar pela aprovação de um comitê editorial. A empresa pretende repassar até 70% da sua arrecadação total, sob um modelo de negócio via assinaturas e licenciamento de conteúdo.
Há dois critérios na hora de medir a remuneração. O primeiro e mais óbvio é o tempo de consumo da notícia. Já o outro, é um critério um quanto ‘abstrato’: o impacto político e social, definido pelo comitê editorial.
Claramente é uma tentativa de reconstrução daquilo que uma plataforma poderia retornar aos jornalistas: ao invés do modelo vigente de competição entre conteúdos, algoritmos que desfavorecem a informação e falta de repasse de dinheiro aos produtores de conteúdo (o que está mudando a passos lentos), Headline une curadoria e edição de conteúdos, de forma que cada conteúdo seja promovido pelo seu impacto e que os jornalistas independentes recebam pela publicação.
🧠 Reflexões: É uma ideia interessante, mas surgem algumas dúvidas na minha cabeça. A primeira é apontada pelo artigo que li, e destaca que um grande desafio da plataforma é em relação a sua escala. Como uma reportagem sobre corrupção no governo de uma cidade no interior da Bahia, por exemplo, chegaria até o público desta cidade? Eles são o público alvo da plataforma? Valeria a pena para o jornalista deixar de publicar nas redes sociais para publicar no Headline se não alcançará o seu público objetivo?
Outra questão que me veio à mente é em relação à recomendação de conteúdo na plataforma. A curadoria seria a mesma para todos os leitores? Ou haverá algum tipo de algoritmo? Se sim, como ele se comportará? Visto que estamos falando de machine learning e customização. Será definido pelo comitê editorial ou pelo time de tecnologia?
De qualquer forma, é uma startup que merece ser acompanhada. E você? Que questões saltaram à sua mente? Gostaria muito de ouvir a sua opinião. Acredito que o assunto dá pano para manga.
Li sobre Headline aqui.
⏳ Tempo de leitura: 6min 30seg
Nesta parte da newsletter, irei indicar alguns links que achei interessantes enquanto navegava pela internet. Hoje, vamos focar nos temas desta edição: produtos noticiosos e plataformas.
Para ler 📖
O que significa ser uma empresa de notícias sustentável? (português): SembraMedia.
Web Stories: novas formas de fortalecer os produtores de conteúdo jornalístico (português): Google Brasil.
Todos esses novos produtos não vão se autogerenciar (inglês): Nieman Lab.
Peça aos seus leitores para ajudar a criar os seus produtos (inglês): Nieman Lab.
O pensamento do produto ajuda as newsletters em espanhol a criar uma comunidade, atender o seu público e alcançar a sustentabilidade (espanhol): Fundación Gabo.
5 estratégias para projetar produtos jornalísticos inovadores focados em pessoas (espanhol): Fundación Gabo.
INMA revela finalistas do Global Media Awards 2022 (inglês): International News Media Association.
Para participar 👀
Criando um Plano Estratégico (inglês): este workshop on-demand online e gratuito fornece os componentes necessários para implementar um plano estratégico, como uma declaração de missão, metas, objetivos e um plano de ação. O curso é oferecido pela SCORE.
Como promover a diversidade, equidade e inclusão (DEI) no jornalismo latino-americano (espanhol): este curso gratuito será oferecido em quatro módulos semanais de 28 de fevereiro a 27 de março de 2022. O objetivo é ensinar jornalistas e educadores de jornalismo sobre diversidade, equidade e inclusão.
Curso-Newsletter sobre Membership (inglês): em parceria com o Membership Puzzle Project, este é um curso em formato de newsletter assíncrono. Contém conselhos práticos sobre como lançar, implementar e aumentar um programa de membros na sua redação.
Estratégias de produto no jornalismo: Como alinhar conteúdo, audiências, negócios e tecnologia (português): curso autodirigido em quatro módulos semanais que busca ajudar profissionais de comunicação a desenvolver a mentalidade de produto em suas rotinas.
Festival 3i – Jornalismo Inovador, Inspirador e Independente (português): de 15 a 22 de março, acontece o Festival 3i, realizado pela Associação de Jornalismo Digital (Ajor), de forma gratuita e online.
Simpósio Internacional de Jornalismo Online (inglês): de forma híbrida, presencial em Austin, Texas, e online, o ISOJ acontece nos dias 1 e 2 de abril, com foco na transição para o digital e situações afins no campo do jornalismo.
Para estudar 📝
Punto De Inflexión Internacional - SembraMedia (espanhol): um estudo sobre os impactos, inovações, ameaças e sustentabilidade dos empreendedores de mídia digital na América Latina, Sudeste Asiático e África.
Digital 2022: Global Overview Report - We Are Social (inglês): relatório sobre comportamento digital publicado pela We Are Social e Hootsuite. Conclusões sobre redes sociais, e-commerce e publicidade digital.
Algoritmos para redações: desafios e recomendações para dotar a Inteligência Artificial dos valores éticos do jornalismo - Consell de la Informació de Catalunya (espanhol): informe sobre a implementação da Inteligência Artificial nas redações jornalísticas da Catalunha e suas questões éticas.
GNI Startups Playbook - Google News Initiative (inglês): um guia para desmistificar a criação de startup jornalística digital.
Tendências e previsões 2022 - Reuters Institute (inglês): relatório anual sobre tendências e previsões do jornalismo para 2022.
#8M mulheres no jornalismo 👩
Mulheres e liderança na mídia 2022: evidências de 12 mercados - Reuters Institute (inglês): informe anual que analisa 240 veículos de 12 países sobre a presença feminina em cargos de liderança.
Mulheres no jornalismo: uma nova série celebrando as mulheres que lideram a inovação empresarial sustentável em notícias (inglês): Lenfest Institute.
Curso: como reportar com segurança - recursos para mulheres jornalistas, redações e aliados (inglês, francês e espanhol): Knight Center for Journalism in the Americas.
Mulheres que fizeram história no jornalismo brasileiro (português): para celebrar o Dia Internacional de Luta das Mulheres, a Comissão de Mulheres da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) produziu uma campanha virtual para homenagear algumas profissionais que foram pioneiras no feminismo, no jornalismo e na luta por direitos.
Relatório “Violência de gênero contra jornalistas” (português): A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) divulga um estudo inédito sobre violência de gênero contra jornalistas, realizado com apoio do Global Media Defence Fund, da UNESCO, em 2021.
Recursos para jornalistas que se identificam com mulheres – um guia GIJN (inglês): fornece conselhos e dicas de grandes mulheres jornalistas investigativas que servirão de inspiração, além de se conectar, lidar com o assédio e abordar questões de discriminação.
Gaveta da bagunça 🗃️
Future Me: Não sei se vocês conhecem Future Me, mas foi apenas este ano que resolvi experimentar. Em Future Me você pode escrever uma carta para você do futuro! Você escolhe uma data para receber a sua carta pelo e-mail.
Quem está por trás do QAnon? Detetives linguísticos encontram impressões digitais - The New York Times (inglês): este artigo explica como um grupo de cientistas puderam identificar duas pessoas como possíveis autores das mensagens que inspiraram o movimento conspiratório QAnon. Para entender do que se trata o movimento, este artigo da BBC explica.
Especial multimidia 150 anos de The Boston Globe (inglês): em comemoração de seus 150 anos, o jornal estadunidense compilou um especial multimídia que reúne reportagens de arquivos de suas quinze décadas.
O que achou desta edição? Como é nossa primeira, realmente gostaria de ouvir a sua opinião, tanto sobre os assuntos da semana quanto sobre a própria newsletter!
📧 Também existe a versão em espanhol da Methodo.lab, se prefere recebê-la neste idioma ou conhece alguém que poderia gostar do conteúdo.
Estou sempre aberta a críticas, sugestões e dúvidas!
Por hoje é tudo!
Obrigada por ler até aqui.
Abraços,